1.17.2006

Natureza

O autor da natureza
(Zé Vicente da Paraíba/Passarinho do Norte/Brá)

O que prende demais minha atenção
É um touro raivoso numa arena
Uma pulga do jeito que é pequena
Dominar a bravura de um leão
Na picada ele muda a posição
Pra coçar-se depressa com certeza
Não se serve da unha, nem da presa
Se levanta da cama e fica em pé
Tudo isso provando quanto é
Poderosa e suprema a natureza
Admiro demais o beija-flor
Que com medo da cobra inimiga
Só constrói o seu ninho na urtiga
Recebendo lição do criador
Observo a coragem do condor
Que nos montes rochosos come presa
Urubu, empregado da limpeza
Como é triste a vida do abutre
Quando encontra um morto é que se nutre
Quanto é grande o autor da natureza
A abelha por deus foi amestrada
Sem haver um processo bioquímico
Até hoje não houve nenhum químico
Pra fazer a ciência dizer nada
O buraco pequeno da entrada
Facilita a passagem com franqueza
Uma é sentinela de defesa
E as outras se espalham no vergel
Sem turbina e sem tacho fazem mel
Como é grande o poder da natureza
Não há pedra igualmente ao diamante
Nem metal tão querido quanto o ouro
Não existe tristeza como o choro
Nem reflexo igual ao de um brilhante
Nem comédia maior que a de dante
Nem existe acusado sem defesa
Nem pecado maior que a avareza
Nem altura igualmente ao firmamento
Nem veloz igualmente ao pensamento
Nem há grande igualmente à natureza
Tem um verso que fala da maconha
Que é uma erva que dá no meio do mato
Se fumada provoca o tal barato
A maior emoção que a gente sonha
A viagem às vezes é medonha
Dá suor, dá vertigem, dá fraqueza
Porém, quase sempre é uma beleza
Eu, por mim, experimento todo dia
Se tivesse um agora eu bem queria
Pois a coisa é da santa natureza"