10.06.2006

Sobre a sede...


"Ao longo das janelas mortas
Meu passo bate as calçadas.
Que estranho bate!
Será
Que a minha perna é de pau?
Ah, que esta vida é automática!
Estou exausto da gravitação dos astros!
Vou dar um tiro neste poema horrível!
Vou apitar chamando os guardas, os anjos,
Nosso Senhor, as prostitutas, os mortos!
Venham ver a minha degradação,
A minha sede insaciável
de não sei o quê,
As minhas rugas.
Tombai, estrelas de conta,
Lua falsa de papelão,
Manto bordado do céu!
Tombai,
cobri com a santa inutilidade vossa
Esta carcaça miserável de sonho…"
(Mário Quintana)